De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), 120 milhões de pessoas ao redor do mundo foram forçadas a deixar suas casas devido a guerras, violência e perseguições. Esse número é 8% maior do que o registrado no ano anterior, representando um recorde histórico desde o início dos levantamentos da agência. A ONU estima que, a cada minuto, pelo menos 20 pessoas se veem obrigadas a abandonar suas vidas para fugir de conflitos, sendo cerca de 40% delas crianças.
Filippo Grandi, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, destacou a gravidade da situação: “Por trás desses números alarmantes estão incontáveis tragédias humanas. Esse sofrimento deve mobilizar a comunidade internacional para agir urgentemente contra as causas profundas do deslocamento forçado”. O relatório foi divulgado em antecipação ao Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho.
A Síria, devastada por uma guerra civil que já dura 12 anos, permanece como o país de maior origem de refugiados, com 13,8 milhões de deslocados. O Sudão, por sua vez, enfrenta uma crise cada vez maior, com quase 11 milhões de pessoas forçadas a fugir até o fim de 2023 devido à guerra civil.
No Afeganistão, mais de 6,4 milhões de pessoas deixaram o país desde a tomada do poder pelos talibãs em 2021, enquanto na Venezuela, mais de 7 milhões de pessoas fugiram em busca de melhores condições de vida diante do colapso econômico e social sob o governo de Nicolás Maduro.
A Venezuela tornou-se um dos principais focos da crise de refugiados no continente americano. Segundo o ACNUR, 7,7 milhões de venezuelanos já deixaram o país, com a maioria deles se estabelecendo na Colômbia, Estados Unidos, Espanha, Equador e Brasil. O impacto sobre países vizinhos, como a Colômbia, tem sido significativo, mas, em muitos casos, os refugiados têm encontrado oportunidades de trabalho e acesso a serviços básicos.
No México, o cenário também é alarmante, com o país se tornando um destino e ponto de trânsito para muitos refugiados e migrantes que fogem da violência na América Central. Além disso, a crise do Haiti, marcada pela instabilidade política e pela violência das gangues, tem deslocado milhares de pessoas, que buscam refúgio principalmente na vizinha República Dominicana.
O deslocamento forçado não afeta apenas a Europa e os Estados Unidos. De fato, 75% dos refugiados no mundo estão em países de baixo ou médio rendimento, ressaltando a necessidade de uma ação internacional mais ampla para proteger e apoiar essas populações vulneráveis.